sábado, 10 de fevereiro de 2018



Resenha: Mais Lindo Que a Lua - Julia Quinn


Escrita:
Como todo livro da Julia Quinn, a escrita é delicada, clara, simples, envolvente sem ser melosa demais. Às vezes sinto falta de algo mais detalhado mas permite que soltemos a imaginação. 

Enredo:
Achei o enredo um tanto simples, não tem exatamente uma apresentação do lugar e personagens. No entanto, a história vai se construindo aos poucos e vamos descobrindo as nuances desse romance repleto de belas e apaixonadas passagens.

Robert:
No começo achei que ele era mais um libertino que só queria se aproveitar da inocência da Torie, mas ao longo do livro percebemos que ele era um bobo apaixonado, porque nem se vingar ele consegue. O amor fala mais alto. Gostei do adorado, adorado Robert.

Victoria:
No começo pode até aparecer ingênua e boba, mas se mostra um mocinha forte e decidida quando precisa ganhar a vida e acaba por conquistar certa independência. Gostei dela, tenho a tendência de gostar das mocinhas da Júlia. Por curiosidade, essa é o segundo livro que a mocinha é preceptora e não é lá muito boa no que faz.

O que achou do final/desfecho do livro:
Os últimos capítulos foram mesmo muito bons. Apaixonante é a palavra eu eu usaria... tudo se encaixando e então reaparece o traste e a Victoria se mostra forte e independente resolvendo o problema, por hora pelo menos. Adoro finais felizes e esse fica aquele gostinho de quero mais e as perguntas: o que mais aconteceu com eles, tiveram muitos filhos e tal.

Cena engraçada:
“–Milorde –disse ela com um suspiro. –Por que está fazendo isso? Ele deu de ombros e sentou-se em sua pequena cama. –Fazendo o quê? –Isto! –Ela ergueu os braços. –Vindo até o meu quarto. Sentando-se na minha cama. –Então piscou, como se tivesse acabado de perceber o que ele estava fazendo. –Você está na minha cama. Pelo amor de Deus, saia da minha cama. Ele lentamente abriu um sorriso. –Obrigue-me. –Não sou tão infantil assim para me irritar com um desafio desses. –Não? –Ele se recostou nos travesseiros e cruzou os tornozelos. –Não se preocupe. Minhas botas estão limpas. Victoria estreitou os olhos, e então pegou a bacia d’água que usava para se lavar e despejou-a na cabeça e no peito dele. –Retiro o que disse –observou ela, ácida. –Posso ser bastante infantil quando a ocasião justifica. –Santo Deus, mulher! –bradou Robert, pulando da cama.”

Cena que deu raiva:
“-Não aprovo termos carinhosos sarcásticos, Srta. Lyndon. Sugiro que esta noite reflita sobre seu atrevimento. Não tem o direito de atribuir apelidos aos seus superiores. Tenha um bom dia. [...]
Ela cerrou os dentes e gritou: –Neville! –Srta. Lyndon! Victoria estremeceu. De novo não. Lady Hollingwood deu um passo na sua direção, depois parou, erguendo o queixo altivamente no ar. Victoria não tinha escolha senão ir até ela e dizer: –Sim, milady? –Não aprovo seus gritos mal-educados. Uma dama nunca levanta a voz. –Perdoe-me, milady. Eu só tentava encontrar o jovem Sr. Neville. –Se o vigiasse corretamente, a senhorita não estaria nessa situação.”

Cena apaixonante:
“-Eu quero a lua! –gritou ela, de repente acreditando que tais fantasias eram de fato possíveis. –Eu lhe darei a lua e tudo o mais que você quiser –disse ele com intensidade.”

“-A vida não se trata de arrastar-se para baixo de uma pedra e ver o mundo passar, esperando que nada nos afete. –Ele se ajoelhou e começou a ajudá-la a recolher os alfinetes. –A vida é sobre se arriscar, sobre tentar alcançar a lua.”

Cena que te surpreendeu:
“Victoria pisou no pé dele com toda a força que conseguiu, e então, enquanto ele uivava de surpresa, ergueu o joelho e acertou-o na virilha. Eversleigh desabou no chão no mesmo instante, sibilando alguma coisa. Victoria teve a impressão de ouvi-lo xingá-la de vadia, mas ele sentia tanta dor que suas palavras não soaram claras. Ela esfregou as mãos e permitiu-se um sorriso satisfeito. –Aprendi uma ou duas coisas desde nosso último encontro –disse ela. Antes que pudesse dizer outra palavra, alguém começou a bater na porta. Robert, pensou ela, o que se provou ser verdade quando o ouviu berrar o nome dela no corredor. [...]
Exasperada, Victoria colocou as mãos na cintura e gritou: –Eu abriria se tivesse a maldita chave! Em seguida virou para Eversleigh e grunhiu: –A chave. –Nunca. Victoria flexionou o pé. –Desta vez vou chutar. Aposto que causo mais danos com o pé do que com o joelho. –Fique longe da porta, Torie! –gritou Robert. –Vou arrombá-la. –Ah, Robert, queria que você… Ela pulou para trás bem a tempo de desviar da porta. Então viu Robert junto à entrada, ofegante pelo esforço e espumando de raiva. A porta pendia de uma das dobradiças. –Você está bem? –perguntou ele, correndo para seu lado. Então olhou para baixo. O rosto ficou quase roxo de fúria. –O que ele está fazendo no chão? –perguntou, as palavras friamente controladas. Victoria sabia que não era a hora certa para rir, mas não pôde evitar. –Eu o deixei assim –disse ela. –Você se importaria de esclarecer? –pediu Robert, chutando Eversleigh na barriga e plantando a sola de sua bota nas costas do homem. –Você se lembra da nossa viagem de carruagem voltando de Ramsgate? –Detalhadamente. –Não essa parte –disse depressa Victoria, corando. –Quando eu… Ah… Quando eu acertei você por acidente… –Eu me lembro –interrompeu ele. A voz estava entrecortada, mas Victoria teve a impressão de detectar algum traço de humor. –Certo –replicou ela. –Eu tento aprender com meus erros e não pude deixar de lembrar como ficou incapacitado. Então pensei que o mesmo poderia funcionar com Eversleigh.”
(Não subestime uma mulher com raiva)

Cena que decepcionou:
“Em poucos segundos, o reverendo Lyndon chegou à porta. –Mas que diabo está acontecendo aqui? –Seus olhos voltaram-se para Victoria, que estava paralisada de pânico no meio da sala de estar. –Por que está acordada, Victoria? E por que está vestida para sair? –Eu… Eu… Victoria tremia de medo, incapaz de dizer uma palavra. O vigário viu a bolsa. –O que é isso? –Em dois passos, ele atravessou a sala e arrancou-a da filha. Então tirou dela roupas, uma Bíblia… Até que encontrou a pintura. –Você está fugindo de casa –sussurrou, olhando para ela como se não pudesse acreditar que uma das filhas fosse capaz de desobedecê-lo. –Você vai fugir com aquele homem. –Não, papai! –gritou. –Não! Mas nunca soubera mentir. –Por Deus! –berrou Lyndon. –Você vai pensar duas vezes antes de me desobedecer uma segunda vez. –Papai, eu… Victoria não conseguiu terminar a frase, pois a mão do pai atingiu seu rosto com tanta força que ela foi jogada ao chão. Quando ergueu os olhos, viu Ellie, imóvel junto à porta, a expressão petrificada. Victoria lançou à irmã um olhar de súplica. Ellie limpou a garganta. –Papai –disse ela em tom gentil. –Algum problema? –Sua irmã decidiu me desobedecer –grunhiu ele. –Agora vai arcar com as consequências. Ellie limpou a garganta novamente, como se fosse a única maneira de reunir coragem para falar: –Papai, tenho certeza de que houve um grande mal-entendido. Por que não me deixa levar Victoria para o quarto dela? –Silêncio! Nenhuma das duas deixou escapar um único ruído. Depois de uma pausa interminável, o vigário agarrou o braço de Victoria e a levantou com severidade. –Você –disse ele com um puxão violento –não vai a lugar nenhum esta noite. Ele a arrastou para o quarto e atirou-a na cama. Ellie seguiu os dois, assustada, e ficou no canto do quarto da irmã. O Sr. Lyndon cutucou o ombro de Victoria e vociferou: –E não saia daí. –Ele deu alguns passos em direção à porta, e Victoria aproveitou para correr até a janela aberta. Mas o vigário foi mais rápido, a força alimentada pela fúria. Ele a atirou de volta na cama, e deu-lhe outro tapa violento. –Eleanor! –berrou. –Traga-me um lençol. Ellie piscou. –C... Como? –Um lençol! –gritou ele. –Sim, papai –disse ela, correndo para o armário de roupas de cama. Depois de alguns segundos, ela voltou trazendo um lençol branco e limpo. Entregou-o ao pai, que começou a rasgá-lo metodicamente em tiras longas. Ele amarrou os tornozelos de Victoria, depois as mãos à frente dela. –Pronto –disse ele, examinando seu trabalho. –Ela não vai a lugar nenhum. Victoria o encarou com revolta. –Eu odeio o senhor –disse ela, a voz baixa. –E odiarei para sempre por fazer isso. O pai balançou a cabeça. –Um dia, você vai me agradecer. –Não, não vou. –Victoria engoliu em seco, tentando disfarçar o tremor na voz. –Sempre pensei que o senhor estivesse logo abaixo de Deus, que fosse tudo o que há de bom, puro e gentil. Mas agora… Agora vejo que não passa de um homem pequeno com uma mente pequena.”

Personagens coadjuvantes que mais gostou:
Harriet e Ellie

Vilão(s):
Eversleigh: sujeito odioso e o pai da Victoria por fazer tão mal juízo da filha

Nota: 4/5